sábado, 3 de maio de 2008

pêssego


(enviada por Karla Poulain-Kristeva
companheira de viagem
e de insanidade)




Proust
Só de ouvir a voz de Albertine entrava em orgasmo.
Se diz que:

O olhar de voyeur tem condições de phalo
(possui o que vê).
Mas é pelo tato
Que a fonte do amor se abre.
Apalpar desabrocha o talo.
O tato é mais que o ver
É mais que o ouvir
É mais que o cheirar.
É pelo beijo que o amor se edifica.
É no calor da boca
Que o alarme da carne grita.
E se abre docemente
Como um pêssego de Deus.

Manoel de Barros, "Poemas Rupestres" (2004)

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