segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

a um gato

a todos os gatos: pardos, furta-cores...



não são mais silenciosos os espelhos
nem mais furtiva a aurora aventureira;
tu és, sob a lua, essa pantera,
que divisam ao longe nossos olhos.
por obra indecifrável de um decreto
divino, buscamos-te inutilmente;
mais remoto que o Ganges e o poente,
tua é a solidão, teu o segredo.
teu dorso condescende à morosa
carícia de minha mão. Sem um ruído,
da eternidade que ora é olvido,
aceitaste o amor dessa mão receosa.
em outro tempo estás. Tu és o dono
de um espaço cerrado como um sonho.

(Jorge Luis Borges, O Ouro dos Tigres)

sábado, 21 de novembro de 2009

keep walking

de novo, caio... e Caio


Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.

Caio Fernando Abreu (Caio 3D O Essencial da década de 1980)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

canção de garoa

em cima do meu telhado
pirulin lulin lulin,
um anjo, todo molhado,

soluça no seu flautim.

o relógio vai bater:
as molas rangem sem fim.
o retrato na parede
fica olhando para mim.

e chove sem saber por quê...
e tudo foi sempre assim!
parece que vou sofrer:
pirulin lulin lulin

(Mario Quintana, Nariz de vidro)

sábado, 12 de setembro de 2009

do sábio Garfield...

aquarianos são normais.

o resto do mundo é que é esquisito!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

do sábio Calvin...


A força para mudar o que eu posso,
a inabilidade para aceitar o que eu não posso,
e a incapacidade para contar a diferença

domingo, 9 de agosto de 2009

a biblioteca de babel (I)


J J Veiga


- Os Cavalinhos de Platiplanto (1959)
- A Hora dos Ruminantes (1966)
- A Estranha Máquina Extraviada (1967)
- Diálogo da Relativa Grandeza (1967)
- Sombras de Reis Barbudos (1972)
- Os Pecados da Tribo (1976)
- O Professor Burim e as Quatro Calamidades (1978)
- Aquele Mundo de Vasabarros (1982)
- Tajá e Sua Gente (1986/1997?)
- De Jogos e Festas (1980)
- Torvelinho Dia e Noite (1985)
- O Almanach de Piumhy (1988)
- O Trono no Morro (1988)
- A Casca da Serpente (1989)
- Os melhores contos de J. J. Veiga (1989)
- O Risonho Cavalo do Príncipe (1992)
- O Relógio Belisário (1995)
- Objetos Turbulentos (1997)

domingo, 2 de agosto de 2009

printemps


aprendi com a primavera a me deixar cortar.
e a voltar sempre inteira

Cecília Meireles

segunda-feira, 22 de junho de 2009

stolen from Jérôme



Faites que le rêve dévore votre vie,
afin que la vie ne dévore pas votre rêve.

Saint Exupéry

domingo, 21 de junho de 2009

butterfly on a wheel

presente do Andy


quarta-feira, 17 de junho de 2009

estou cansado


estou cansado, é claro,

porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.

de que estou cansado, não sei:

de nada me serviria sabê-lo,

pois o cansaço fica na mesma.

a ferida dói como dói

e não em função da causa que a produziu.

sim, estou cansado,

e um pouco sorridente

de o cansaço ser só isto —

uma vontade de sono no corpo,

um desejo de não pensar na alma,

e por cima de tudo uma transparência lúcida

do entendimento retrospectivo...

e a luxúria única de não ter já esperanças?

sou inteligente; eis tudo.

tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,

e há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,

que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.


Álvaro de Campos (Poemas, 1923)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

hunter

with one light on in one room, I know you're up when I get home
with one small step up on the stair, I know your look when I get there

if you were a king up there on your throne,
would you be wise enough to let me go?
for this queen you think you own
wants to be a hunter again, wants to see the world alone again
to take a chance on life again -- so let me go

the unread book and painful look, the tv's on, the sound is down
one long pause, then you begin, oh look what the cat's broughtin

if you were a king up there on your throne,
would you be wise enough to let me go?
for this queen you think you own
wants to be a hunter again, wants to see the world alone again
to take a chance on life again, so let me go, let me leave

for the crown you've placed up on my head feels too heavy now
and I don't know what to say to you but I'll smile anyhow
and all the time I'm thinking, thinking

I want to be a hunter again, want to see the world alone again
to take a chance on life again, so let me go

I want to be a hunter again, want to see the world alone again
to take a chance on life again, so let me go, let me live, let me go

(Dido)

I’m like a bird


you're beautiful, that's for sure
you'll never ever fade
you're lovely but it's not for sure
that I won't ever change
and though my love is rare
though my love is true

I’m like a bird, I'll only fly away
I don't know where my soul is,
I don't know where my home is
(and baby all I need for you to know is)
I’m like a bird, I'll only fly away
I don't know where my soul is,
I don't know where my home is
all I need for you to know is

your faith in me brings me to tears
even after all these years
and it pains me so much to tell
that you don't know me that well
and though my love is rare
though my love is true

I’m like a bird, I'll only fly away
I don't know where my soul is,
I don't know where my home is
(and baby all I need for you to know is)
I’m like a bird, I'll only fly away
I don't know where my soul is,
I don't know where my home is
all I need for you to know is

it's not that I wanna say goodbye
it's just that every time you try
to tell me that you love me
each and every single day I know
I'm going to have to eventually give you away

and though my love is rare
and though my love is true
hey I'm just scared
that we may fall through

(Nelly Furtado)

domingo, 7 de junho de 2009

walk this way


look at [you] keep turning the pages of history
look at[me] trying to fill up [my] life with things to do
look at us will we ever find a key in the history
could it be if I move to you, would you move to me?
(move to move - kon kan)


if you could here I'd just like to say
would like to say?
that I love you but I'll follow my way
follow my way
(follow you - sect)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

le vent nous portera




je n'ai pas peur de la route
faudrait voir, faut qu'on y goute
des meandres au creux des reins
et tout ira bien la
le vent nous portera

ton message a la grande ourse
et la trajectoire de la course
un instantane de velours
meme s'il ne sert a rien va
le vent l'emportera
tout disparaitra mais
le vent nous portera

la caresse et la mitraille
et cette plaie qui nous tiraille
le palais des autres jours
d'hier et demain
le vent les portera

genetique en bandouillere
des chromosomes dans l'atmosphere
des taxis pour les galaxies
et mon tapis volant dis ?
le vent l'emportera
tout disparaitra mais
le vent nous portera

ce parfum de nos annees mortes
ce qui peut frapper a ta porte
infinite de destins
on en pose un et qu'est-ce qu'on en retient?
le vent l'emportera

pendant que la maree monte
et que chacun refait ses comptes
j'emmene au creux de mon ombre
des poussieres de toi
le vent les portera
tout disparaitra mais
le vent nous portera

Noir Désir

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

iemanjá rainha do mar

Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?

Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.

Onde ela vive?
Onde ela mora?

Nas águas,
Na loca de pedra,
Num palácio encantado,
No fundo do mar.

O que ela gosta?
O que ela adora?

Perfume,
Flor, espelho e pente
Toda sorte de presente
Pra ela se enfeitar.

Como se saúda a Rainha do Mar?
Como se saúda a Rainha do Mar?

Alodê, Odofiaba,
Minha-mãe, Mãe-d'água,
Odoyá!

Qual é seu dia,
Nossa Senhora?

É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar.

O que ela canta?
Por que ela chora?

Só canta cantiga bonita
Chora quando fica aflita
Se você chorar.

Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Quem é que já viu a Rainha do Mar?

Pescador e marinheiro
que escuta a sereia cantar
é com o povo que é praiero
que dona Iemanjá quer se casar.

(Maria Bethânia, Composição de Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro)



quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

happy new year!


Postar coisas repetidas para começar um ano novo?

Só essa mensagem para dois amigos muito queridos.

Saudade imensa dos dois!


To Andy - This is you song… Here in BH is so boring without you! kisses and meows


Pour Jérôme - Excuse mon français... Je ne sais pas si tu connais cette musique, mais je me souviens de toi… Je te souhaite un merveilleux 2009.



crash 'n' burn